domingo, 25 de julho de 2010

A menina que tinha um arco-íris na cabeça

Íris vive num mundo de homens grandes, com gravata, muitos cinzentos e com barbas muito longas. As barbas longas são uma prova bem viva que os homens grandes são sábios,  pois já viveram muitos anos.
Discutiram, planejaram e criaram cidades com torres altas que quase, quase, tocavam os céus. E isso não se faz de um dia para o outro, não! Gasta-se muito papel, tinta de caneta e fazem-se muitas viagens, de uma ponta a outra do mundo, muitas até de avião!
Os homens grandes andam sempre de chapéu-de-chuva.
E têm leis! Muitas leis. Leis para sair à rua, para construir as suas torres altas e até para viajarem de um local para o outro, e ficarem velhos, barbudos e  mais sábios. Só que o que intriga Íris é porque não são estas leis iguais em todo o lado, se somos todos iguais?
Os homens grandes também falam sempre de... Bolas! De.. direitos!! E deveres!
Direito de ter um emprego, dever de trabalhar, direito de ganhar dinheiro, dever de pagar as contas aos homens ainda maiores. Esses homens que são como os guarda-chuvas, protegem os homens grandes dos azares do mundo, menos quando cortam a barba e perdem sabedoria.
Às vezes, a menina perde-se na lista interminável de direitos e deveres que nunca termina!
Mas há uma pequena coisinha que põe a menina a pensar muito: porque se esquecem tantas vezes os homens grandes das crianças pequenas?
Primeiro pensou que fosse uma questão de tamanho. As vezes os homens grandes passam pelas crianças pequenas e nem as veem, especialmente quando estão preocupados em segurar o guarda-chuva. Mas depois percebeu que não devia ser nada disso, pois costumava ver a menina Magali a puxar as calças do pai, Sr. Abel quando ele estava assistindo futebol e ele, olhar para ela, mas logo em seguida continuar a ver a TV. E olhem que o Sr. Abel é um dos grandes e viu-a!! Todinha!
Depois pensou que era porque as crianças pequenas não gostavam de usar guarda-chuva e, no seu lugar, trazerem na cabeça um arco-íris que refletia a luz do sol, mesmo naqueles dias em que chove demais.
Pior! Elas gostam de brincar na água e de usar galochas amarelas.
Até que um dia, chegou a seguinte conclusão:
O problema dos Homens Grandes é que as suas leis nao são feitas com o coração e, por essa razão, os homens grandes precisam continuar a usar o guarda-chuva, que lhes protege a cabeça que pensa.
Então, nesse dia, a menina soprou um dente de leão, daqueles grandes e cheinhos e disse baixinho :
" Eu desejo que todas as crianças pequenas nunca deixem de viver dentro dos homens grandes, para que os homens grandes, todos os dias, perguntem ao coração se a razão tem coração?"
E, na sua cabecinha, um mundo de homens grandes sem chapéus de chuva e com um arco-íris na cabeça, desfilavam felizes pela vida.

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